Catarina Barbosa

Um blog dedicado a compartilhar vivências e reflexões sobre luto, sexualidade, gênero e raça, explorando as diversas camadas que moldam nossa existência com sensibilidade e profundidade.

Inclusão de Mulheres Negras e Indígenas na Tecnologia.

Inclusão como caminho para o desenvolvimento sustentável no Brasil.

A tecnologia está no centro do desenvolvimento global, moldando um futuro cada vez mais digital. No entanto, no Brasil, a sub-representação de mulheres negras e indígenas na área de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) revela desafios estruturais que precisam ser superados para garantir igualdade e sustentabilidade.

Mulher em trajes modernos interagindo com gráficos e dados holográficos, simbolizando tecnologia e inovação no mundo digital.

Panorama da Inclusão de Mulheres Negras e Indígenas no Setor de TIC

Embora representem cerca de 28,35% da população brasileira (IBGE, 2021), as mulheres negras e indígenas ocupam apenas 12,09% dos empregos no setor de TIC (BRASSCOM, 2023). Esses números expõem uma realidade de desigualdade de oportunidades, que reflete barreiras históricas de acesso à educação e ao mercado de trabalho.

A inclusão dessas mulheres no setor de TIC não é apenas uma questão de equidade, mas também está diretamente alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, especialmente os ODS 5 (Igualdade de Gênero) e 8 (Trabalho Decente e Crescimento Econômico).

Imagem dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, destacando metas importantes como erradicação da pobreza, educação de qualidade e igualdade de gênero.

Desafios e Caminhos para a Inclusão

Um dos maiores desafios para a inserção de mulheres negras e indígenas na tecnologia é o acesso limitado à educação de qualidade, agravado pela falta de iniciativas específicas para atender esses grupos. Posto que segundo o PNUD (2020), a educação inclusiva e acessível é essencial para reduzir desigualdades.

Para reverter esse cenário, a cooperação entre os setores público e privado é crucial. Sobretudo com investimentos em programas de formação técnica, políticas afirmativas de inclusão e ações para diminuir a evasão escolar podem abrir portas para essas mulheres. Além disso, iniciativas como bootcamps, mentorias e programas de capacitação tecnológica voltados para mulheres podem contribuir significativamente.


Impacto Econômico e Social

A presença de mulheres negras e indígenas no setor de TIC transcende a questão da representatividade. Sua inclusão promove o desenvolvimento econômico sustentável, conforme aponta o ODS 8. Esses grupos, frequentemente marginalizados no mercado de trabalho, encontram na tecnologia uma oportunidade de ascensão social e transformação de suas comunidades.

Conforme destacou Angela Davis, “Quando a mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela” (El País, 2017).

No Brasil, essas mulheres são chefes de cerca de 28,67% dos lares (CUT, 2023), o que evidencia seu papel central na economia familiar e no desenvolvimento social.

Angela Davis em palestra na UFBA, discutindo a importância do movimento das mulheres negras na sociedade e seu impacto estrutural e capitalista.

Tecnologia como Ferramenta de Inclusão

A tecnologia deve ser vista como uma ferramenta de emancipação e inclusão, capaz de romper barreiras históricas e criar novas oportunidades. O fortalecimento de iniciativas de diversidade nas empresas de tecnologia não apenas enriquece os ambientes corporativos, mas também impulsiona a inovação, à medida que diferentes perspectivas contribuem para soluções mais completas e eficazes.


Conclusão: Uma Jornada Rumo ao Desenvolvimento Sustentável

A inclusão de mulheres negras e indígenas no setor de TIC é essencial para alcançar uma sociedade mais justa e sustentável. É uma luta que requer esforço coletivo e estratégias estruturadas, mas cujo impacto positivo pode transformar o Brasil em um país mais igualitário e próspero.

E você, o que está fazendo para promover a inclusão na tecnologia? Compartilhe suas ideias e experiências nos comentários!

Sugestão de Leitura

Referências

Mulheres chefiam 50,8% dos lares, mas ganham menos e sofrem mais com desemprego. Disponível em: <https://www.cut.org.br/noticias/mulheres-chefiam-50-8-dos-lares-mas-ganham-menos-e-sofrem-mais-com-desemprego-7bd4>.

Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil. Disponível em: <https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/populacao/25844-desigualdades-sociais-por-cor-ou-raca.html?=&t=resultados>.

BARBOSA, L. Relatório Setorial 2023 Macrossetor de TIC. Disponível em: <https://brasscom.org.br/pdfs/relatorio-setorial-2023-macrossetor-de-tic/>.

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Disponível em: <https://brasil.un.org/pt-br/sdgs>.

PNUD. (2020). Relatório de Desenvolvimento Humano 2020: A próxima geração de pessoas.

HOOKER, J. Inclusão indígena e exclusão dos afro-descendentes na América Latina. Tempo Socia, v. 18, n. 2, p. 89–111, 2006.

ALVES, A. Angela Davis: “Quando a mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela”. Disponível em: <https://brasil.elpais.com/brasil/2017/07/27/politica/1501114503_610956.html>