Mulheres já foram maioria em tecnologia, você sabia?
Não poderia começar este texto de outra forma senão me apresentando.
Sou Catarina Barbosa, nascida em Fortaleza, Ceará, onde vivi por 22 anos. Após me formar em Odontologia, mudei-me para São Paulo para atuar como dentista em uma clínica particular. Posteriormente, fui para a USP de Ribeirão Preto tentar um mestrado em Reabilitação Oral. Porém, logo percebi que não gostava do que fazia. A insatisfação e o estresse me levaram a desenvolver síndrome do pânico, o que me motivou a buscar uma transição de carreira para a área de tecnologia.
O assunto te interessa? Te convido a ler o artigo sobre transição de carreira.
Mulheres na tecnologia: um legado ignorado
“É muito bom ver as mulheres chegando na tecnologia.” Essa frase é recorrente quando falo sobre minha atuação como desenvolvedora de software ou em entrevistas com candidatos homens. Mas será que estamos realmente “chegando” agora? A resposta é: não! Mulheres sempre fizeram parte da história da computação, mas esse legado muitas vezes é invisibilizado.
A primeira turma de Ciência da Computação da USP, por exemplo, era majoritariamente feminina. Isso porque o curso fazia parte do Instituto de Matemática, área predominantemente feminina na época. Computação era vista como uma extensão do secretariado, e para ingressar no curso, era necessário completar um ano de Matemática. Assim se manteve até meados de 1980, quando a entrada passou a ser via vestibular. Com a popularidade crescente da computação, mais homens começaram a optar pela área, transformando sua demografia.
Ainda assim, o legado das mulheres na computação é inegável. O filme Estrelas Além do Tempo , retrata a história de mulheres negras que, mesmo enfrentando segregação racial e preconceitos bem como machismo, foram essenciais na corrida espacial da NASA. As personagens do filme citado anteriormente, Katherine Johnson, Dorothy Vaughan e Mary Jackson são exemplos poderosos de como, as mulheres podem e iram mudar o mundo. Recomendo conhecer mais sobre elas, seja pelo filme ou pelo livro que inspirou a produção!
Outras mulheres pioneiras também merecem destaque da mesma forma
- Ada Lovelace: Considerada a primeira programadora do mundo.
- Grace Hopper: Liderou o desenvolvimento da linguagem COBOL.
- Hedy Lamarr: Criou a base tecnológica para Wi-Fi, GPS e Bluetooth.
- Annie Easley: Trabalhou em energias renováveis e no desenvolvimento de softwares para ventos solares.
- Mary Allen Wilkes: Criou o primeiro computador doméstico da história.
- Radia Perlman: Conhecida como a “mãe da Internet”, inventou o protocolo Spanning Tree (STP).
- Karen Sparck-Jones: Desenvolveu conceitos que sustentam mecanismos de busca modernos.
- Além de Adele Goldberg e Elizabeth J. Feinler;
Os desafios que ainda enfrentamos
Hoje, as mulheres representam apenas 30,7% na computação, segundo a pesquisa Quem Coda BR? de 2019, realizada pela Thoughtworks e a PretaLab. Apesar disso, ainda enfrentamos barreiras cotidianas que nos afastam dessa área, como:
1. Situações machistas:
- Comentários como “Você está aqui para embelezar o time.”
- Interrupções constantes durante nossas falas.
- Desvalorização ou “roubo” de ideias.
- Falar dos nossos corpos sem consentimento.
- Tratamento diferente em reuniões ou conversas técnicas.
2. “Piadas” ofensivas:
- “Não tem louça para lavar?”
- “Deve estar de TPM.”
- “Isso é coisa de mulher.”
3. Falta de sororidade:
Algumas mulheres replicam comportamentos machistas, acreditando que precisam “agir como homens” para serem respeitadas.
4. Desconfiança na competência:
- Explicações desnecessárias sobre nosso próprio trabalho.
- Subestimação de nossas habilidades.
- Assédio moral e sexual.
Se você acha que nada disso acontece, te convido a sair do automático e repensar se você , talvez, esteja participando do problema, bem como incentivando o uso desses clichês. Afinal essas frases são relatados de mulheres da área.
O que podemos fazer?
Para mudar esse cenário, precisamos de ações a curto e longo prazo:
A curto prazo:
- Incentivar mais mulheres a ingressarem na tecnologia.
- Compartilhar nossas histórias e indicar cursos, bootcamps ou vídeos para iniciantes.
A longo prazo:
- Estimular o raciocínio lógico desde cedo.
Nas lojas de brinquedos, a seção feminina ainda é dominada por bonecas e utensílios domésticos, enquanto a masculina oferece brinquedos que promovem lógica e tecnologia. Esse condicionamento infantil impacta diretamente a autoconfiança das meninas ao escolherem carreiras em exatas.
Nesse sentido, podemos mudar isso com jogos educativos que ensinam programação, como Flex Froggy, Grid Garden, CodeCombat e CodeMonkey. Brincando, podemos construir um futuro diferente!
Gratidão às pioneiras
Assim finalizo agradecendo às mulheres que vieram antes de nós, abrindo caminhos, e àquelas que estão ao nosso lado, lutando para transformar o presente. Juntas, estamos criando um legado poderoso para as próximas gerações.
E aí, vamos continuar essa conversa? Compartilhe suas experiências ou dúvidas nos comentários. Juntas, podemos fazer a diferença!
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